Os lúcidos seguidores

13 de abr. de 2012

Cabaret


            


            - Amanda esta acordada?
            - Você me acordou Luiz, o que você quer?
            - Tem algo na janela.
            - Tem não, todo dia essa janela faz barulho.
            - Sim mas hoje é sexta feira treze.
            - Vai dormir seu porra.
            Luiz se deitou e ficou a olhar a janela, a velha e terrível janela.
            Já eram duas da madrugada. A escuridão era o que se via pela vidraça, que passava um carro na rua de vez em quando e a luz quebrava a escuridão com o reflexo no vidro.
            Durante a madrugada o vento cantava quando passava pelo vidro trincado e fazia o seu assobio.
            Quando em pé em frente a janela se via o cabaré. Amanda proibia ficar de frente a ela.
            - Droga, que janela do caralho, essa.
            Luiz se levantou e foi a janela, de lá viu o cabaré da Zitinha.  
            Excepcionalmente naquele dia uma das vidraças estava aberta, Luiz se aproximará do vidro para ver melhor um dos quartos do cabaré. Sempre tivera curiosidade de ver alguma rapariga do cabaré mais comentado da cidade.
            Olhou para Amanda que dormia como uma anjo. Pisava com cuidado não queria acorda-la e ficar solteiro logo em seguida.
            O vento entrava pelas trincas e batia no seu rosto, não impedia sua curiosidade, que curiosidade. Quando de repente viu um casal desnudos abraçando um ao outro.
            - Safado – disse ele baixinho.
            O casal dançava pelo quarto, se beijavam e enamoravam.
            Ao olhar a janela circundada de escuridão, com suas vidraças, uma delas trincada e rachada, o deixava estranho, tinha sempre a impressão de que alguém iria aparecer ali.
            Do interior de sua casa, se ouvia os ruídos e a porta mal fechada, que parecia querer se abrir. O seu coração começava a acelerar.
            Quando se virava para tentar fugir, se batia com janela e com casal do outro lado da rua.
            Ao olhar para cama, não viu mais a Amanda. Onde estava Amanda?
            - Cadê essa mulher – disse correndo a passos mansos para ver se estava no banheiro.
            E não estava.
            - Porra Amanda – disse Luiz voltando a olhar pela janela.
            O casal que namorava do outro lado agora estava brigando, um batia no outro, a porta se escancarou de repente mostrando a total escuridão de sua casa.
            Ao tentar ligar a luz, tinha faltado energia.
            - Só me faltava essa.
            Luiz tentava se manter calmo. Mas ao olhar para cama e ver sangue, sua falsa calma, se perdia.
            A pobre mulher do outro lado estava quase morrendo de apanhar.
            Luiz se desesperara, tentou abrir a janela para gritar e tentar impedir que a pobre rapariga morresse.
            A tinhosa não queria abrir, e quando abriu pela força que Luiz fez, o vidro se quebrou mais ainda e até parte de baixo dela de madeira saiu.
            Luiz pois parte do corpo para fora e ao olhar para baixo viu a altura e negritude que cercava a calçada. Sua cabeça deu uma volta e voltou a olhar pro casal.
            Antes que pudesse gritar, o homem foi a janela e falou antes dele.
            - Que foi? – Nunca viu um casal brigar?
            - Mas não precisa matar ela.
            - Seu idiota não estou matando ela.
            Ao terminar de dizer isso, a rapariga empurrou o pobre homem que caiu na calçada de cabeça, e seu corpo lá ficou por um bom tempo sem ninguém aparecer, depois de uns minutos a porta do cabaré se abriu e saiu muitas pessoas, alguns homens já se aproveitava para sair de mansinho, para não ser visto por ninguém.
            Ao tirar seu corpo a janela fechou como uma guilhotina. O susto, fez seu coração quase parar.
            Amanda chegara no quarto, tinha ido lá em baixo pegar absorvente, estava menstruada.
            - O que faz ai Luiz?
            - Um homem se jogou do cabaré da Zitinha.
            - Meu deus – disse Amanda indo para janela.
            - Vamos dormir amor – disse Luiz se deitando de um jeito frio.
            Amanda fechou a janela e disse:
            - Tudo bem – Você esta bem amor?
            - Tudo, amanhã é um outro dia.
            Ao amanhecer o sol iluminava o quarto, passando toda aquela luz pela janela.          
            O lugar de Luiz estava vazio. Amanda acordou sozinha. A porta estava aberta a janela estava aberta.
            - Luiz – perguntou Amanda.
            Ao se levantar viu gotas de sangue no vidro trincado.
            Para a porta só sobrou algumas pegadas, que se apagavam conforme ela seguia o rastro.
            A janela nunca mais fechou, o sangue secou e a emperrou.
           
           



Um comentário:

Anônimo disse...

e fica uma pontinha de dúvida se tudo não foi um pesadelo...