Os lúcidos seguidores

27 de mar. de 2013

O corpo que transborda



Sou um corpo que transborda
Meu sangue, suja a roupa
Minha palavra aborda
Sou um homem que se diz poeta
Mas nas palavras me perco
Nas dúvidas me calo
Quando fecha o cerco
Corro para dentro de mim
E ai sim, me acho


O velho quarto


           
                       O velho quarto continua o mesmo, já as memórias, se perderam no tempo vago em que ausentei o meu corpo do meu leito, dias sem dormir. As paredes contem os mesmos enigmas do passado, a janela sempre fechada, ainda deixa vazar a luz da noite pelas suas frestas. Na mesa da escrivaninha os papeis vazios, choram por uma poesia. Qualquer poesia que seja, até de um amor barato. Olho para as paredes e em seguida para a porta. Começo a pensar sobre quantas pessoas adentraram no meu intimo. Me senti sem privacidade, me senti invadido, nenhuma pessoa pediu permissão para me ver por dentro. O meu eu que sou por fora, foi feito para ser visto por outros, o de dentro eu não sei ainda para que serve. O vazio das paredes e do cubículo em que durmo, me faz ter a sensação de ter o meu corpo cheio, tão cheio que mais parece um vazio que tenta inflar e inflar, até tocar o limite da minha carne. Abro a janela. Me debruço e olho para cima. Nesse momento eu vejo o quanto eu estou transbordando. Não sou um vácuo. Não sou aquilo que eu penso. Sou como o céu negro. Negro infinito, cheios de mistérios.

15 de mar. de 2013

Éramos dois



              Éramos dois, talvez um, na dança da vida, acabamos nos colidindo e se fundindo então. Vivíamos no prazer do não. As paredes de concreto, era um mundo incerto, separando o prazer, da minha visão. Na decadência do ser, me vir se desfazer em partes, de um quebra cabeça. Meu coração se perdeu na carência, o resto se perdeu na indecência, na cadência dos seus passos, fui partindo, desse mundo aparte, para realidade que me destruía.

12 de mar. de 2013

Um pedaço de carne



Se um dia nos amamos
Sei que foi um ilusão carnal
Gozos múltiplos que se confundiram
Com aquilo que chamam de amor
A dor do momento
Da dor se fez o prazer de saber viver
Você é carne, sangue e vinho
Que torna a me ludibriar
Você é um trago maldito
De um sentimento carnal
Você é apenas carne, que me alimenta
E que me sustenta, mas até que o coração banal