Estou a tanto tempo deitada, que mal sinto meu corpo, e deitei para passar o tempo e sem querer passou a vida, a rua está deserta, sem pessoas, até sem cachorros, a rua não fala mais, a casa está silenciosa, uma ou outra pessoa fala, mas é coisa rara. Estou na cama, vendo o teto branco, está um pouco quente, nada demais, por sorte, antes de me deitar, liguei o ventilador, o notebook está com a tela congelada no meio do filme que eu assistia, os textos incompletos estão por cima da mesa, jogados. A sensação de calma penetra meu corpo, respiro devagar, até entender que tudo isso vai demorar muito mais do que eu pensava, meu corpo estático insiste em ficar deitado, estou entediada, já contei todas as formigas que passaram pelo teto, já contei todas as manchas na parede, fiz o que pude, para me entreter. O que me agonia é o silêncio aterrador, nem os pássaros cantam. Nem um grito de mãe, nem um choro, nada. O silêncio penetra meu corpo, que também por protesto ou birra, faz silêncio. Nem defunto faz mais silêncio que o meu corpo agora. Meu deus, estou terrivelmente entediada.
Um comentário:
No o tédio entender, ao remédio um tender.
GK
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