Os lúcidos seguidores

27 de mar. de 2013

O velho quarto


           
                       O velho quarto continua o mesmo, já as memórias, se perderam no tempo vago em que ausentei o meu corpo do meu leito, dias sem dormir. As paredes contem os mesmos enigmas do passado, a janela sempre fechada, ainda deixa vazar a luz da noite pelas suas frestas. Na mesa da escrivaninha os papeis vazios, choram por uma poesia. Qualquer poesia que seja, até de um amor barato. Olho para as paredes e em seguida para a porta. Começo a pensar sobre quantas pessoas adentraram no meu intimo. Me senti sem privacidade, me senti invadido, nenhuma pessoa pediu permissão para me ver por dentro. O meu eu que sou por fora, foi feito para ser visto por outros, o de dentro eu não sei ainda para que serve. O vazio das paredes e do cubículo em que durmo, me faz ter a sensação de ter o meu corpo cheio, tão cheio que mais parece um vazio que tenta inflar e inflar, até tocar o limite da minha carne. Abro a janela. Me debruço e olho para cima. Nesse momento eu vejo o quanto eu estou transbordando. Não sou um vácuo. Não sou aquilo que eu penso. Sou como o céu negro. Negro infinito, cheios de mistérios.

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