Os lúcidos seguidores

23 de jul. de 2010

A volta da noite




Andando por ai, indo de volta minha casa, olhando a ruas e as calçadas sujas vendo pichações, muros e paredes mal construídas, olhando rente o reflexo da lua, vejo o caminho deserto em que os ventos dançam na solidão, fazendo seu barulho tão sutil, nos meus ouvidos calejados, vejo o breu consumir minha visão, me iludindo ao meu objetivo, pois os meus olhos semi fechados não viam além da minha mão.
Ao passar um gato preto pulando de um muro a outro, fez meu coração acelerar, que eu senti meu corpo dormente há alguns segundos se apagar, parecia droga, alucinógeno, mas era adrenalina sussurrando nas minhas veias, e pregando peças na minha mente, dizendo que eu devia chegar, meus passos lentos se apressaram, meus olhos mortos ressuscitaram, olhava cada fresta, cada detalhe como se alguém tivesse a me olhar, paranóia, devia ser o sono, o cansaço, a fome e a noite, que insistia em me encantar, por alguns segundos cheguei a correr, na ânsia desesperada de chegar, minha visão já imaginava a esquina em que deveria dobrar, a noite era encantadora ao mesmo tempo ardilosa, mas razão chegou a me catucar, fugia do medo, afinal não tinha ninguém, mas naquele momento o ninguém era o medo, pois minha mente desenhava outro alguém, me fazendo assim a decantar e me devastava num jogo intricado que eu mesmo criei, depois de alguns segundos, que correram como se fossem horas, eu cheguei à esquina estreita, dobrei e fui em direção a minha casa, nessa parte da rua as paredes são brancas e estão já descascando, formando imagens aleatórias, a calçada batida, recém formada, quando levanto minha vista e vejo de longe o meu lar, correndo faltava-me o ar, estava a alguns passos, já não corria e o meu coração sossegado, chegando à frente da minha casa, pegava as chaves para entrar, entrei com uma pressa verdade, e entrei fechando rapidamente a porta, como se alguém quisesse me pegar, caminhava para porta da sala, meu corpo já desmoronava, e um sorriso nascia timidamente, quando de repente o som que não agrada, as batidas secas e bem marcadas na porta, meu cárcere privado se contraia, minhas veia entupidas de medo, meu sangue quente esfriava, meus olhos agora já turvos insistem teimosamente em se fechar, meu corpo caia e o som terminava, por alguns segundos só ouvia alguns passos que se afastava e sumia pelo mundo a fora, e depois o silêncio mórbido, enfim o dia surgia e assim começava, mas um domingo de carnaval.

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