Os lúcidos seguidores

9 de dez. de 2011

O indigente

           
           Um dia sozinho, no meio de tantas pessoas, curiosamente acabei me sentindo só, olhei para todos ali, tomei coragem, vi aquelas faces gélidas e disse:
            - Alguém para conversar comigo?
            Todos me olharam, com seus olhares frios e com cara de incomodados, os olhos de todos pareciam me comer, quem era eu para fazer isso, quem? Eu quebrei o silêncio deles e agora estava sendo punido, por não seguir as regras, ali era cada um por si, e a pessoa do seu lado, era apenas um bom enfeite, de uma sociedade que fingia se interagir, de longe essas pessoas pareciam ser perfeitas, mas não eram.
            Eram tudo um jogo de imagens, eu descobrir naquele dia, que no meio de tantas pessoas, eu era só, não podia me expressar, e se eu me expressasse que fosse falsamente, seguindo as regras que eles ditavam, pois caso eu não seguisse, aqueles olhos inconformados, iriam me comer vivo.
            Hoje, sou mais um, apenas, sigo a trilha dos outros, para não morrer sozinho no meu próprio caminho.
            Meu nome é José, eu sou um mendigo desde que nasci, e esse é o meu mundo.

Um comentário:

Pedro Keite disse...

Todos nós somos um José. É assim que "funciona" e tem que "funcionar".