Os lúcidos seguidores

6 de dez. de 2011

Raquel

            
           Raquel olhava para xicara, e com um olhar irônico a encarava, talvez tomasse coragem para tomar, mas a coragem se esvaia somente ao tentar.         
           Raquel era uma mulher difícil, autoritária e um dia se descobriu solitária, e também uma mulher intensa, tivera muitos homens, muitos casos, muitos trabalhos, ganhava muito dinheiro, teoricamente sua vida era perfeita, mas o seu coração, era vazio.
            - Que droga, na hora “H” vou amarelar.
            Ela passava a mão no cabelo, olhava para xícara, agora com dúvidas, mas dúvidas de quê, sua solidão era tão sólida, que por mais que ela tentasse fingir outra possibilidade que não fosse a de ser só, ela não conseguia.
            - Vou tomar
            Disse a Raquel para si mesma, em um tom para tentar dar coragem. Raquel vivera uma vida medíocre em relação a sentimentos e amizades, vivera uma vida falsa, tão falsa quanto uma novela mexicana. Quando ela caiu em si, de que a vida dela nada era, do que uma farsa de prazeres efêmeros, o seu chão sumiu, e agora ela estava caindo em um abismo sem fundo.
            Mas ela, achou um fim para tudo isso, era esperta.
            - É só tomar duma vez.
            Disse ela de novo para si mesma
            E dessa vez ela tomou tudo, virou a xicara e engoliu num só gole.
            Mas o complicado disso tudo, é que não podia ter arrependimentos, uma vez ingerido, não tinha como ser expelido, era um caminho sem volta, Raquel não tinha base sentimental nenhuma, era um frasco seco.
            Mas as vezes até mesmo o mais seco de todos os “Frascos”, brotava algum tipo de sentimento.
            Raquel se levantou da cadeira, deu uns dez passos, dez passos cravados, e sentou-se no chão, arrastando suas costas na parede.
            - Agora tudo acabou.
            Dos olhos dela, que eram olhos pesados e bem marcados, começava a lacrimejar, e ao mesmo tempo eles continuavam secos por dentro.
            Raquel errou duas vezes, a primeira foi achar que não tinha solução, a segunda foi ter perdido a vontade de viver e de tentar quantas vezes fossem necessárias, o que se tivesse de tentar, para que ela pudesse enfim ser feliz.
            Segundos depois, seus olhos se fecham.

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