O mundo é um grande circo, onde temos os palhaços, os malabaristas,
os mágicos, os comediantes e até bichos exóticos. Até plateia temos, claro.
Muitas vezes em minha vida, achei que fosse o mágico desse mundo, ao escrever
histórias e ao contar mentiras, vivia o gozo da ilusão alheia. Era prazeroso. O
mundo eu inventava e refazia diversas vezes, e todos se encantavam. Sim, eu
pensava que era o grande mágico desse circo em que vivemos, mas eu não sou. Sou
tão lúcido, que consigo ver o rosto da bailarina sem a maquiagem, o palhaço sem
o nariz vermelho e a plateia sem o sorriso amarelo que o tanto caracteriza.
Achei eu que o circo em que vivo, não fazia parte de mim, me enganei de novo.
Eu não sou o palhaço, nem o mágico e muito menos o trapezista. Eu apenas observo
o palco e tudo aquilo que rege o circo, por trás das cortinas. Sou um admirador
da ilusão alheia, a ilusão de achar que esse mundo é um circo. O circo é
utópico.