Os lúcidos seguidores

2 de jan. de 2014

Madalena


            - Estranho ver seus olhos. Você me olha como se nunca tivesse me conhecido.
            - Me sinto uma nova mulher a cada olhar seu, mas me pergunto se isso acontece porque não valho nem mesmo ser o seu passado ou porque sempre estou renovando os votos com você?
            Alguns segundos de silêncio mórbido. A boca dele se abre para falar, mas ela encosta o dedo.
            - Não fale nada amor, prefiro a dúvida de uma relação do que a certeza do fim de uma vida. Não sei você, mas acho triste quando um casal se conhece por completo, os desejos, os prazeres, a ganância e no fundo o possível amor. Não tem nada mais realista e frio do que isso.
            Ela se levantou andou alguns passos. Dava para ouvir de longe seus saltos tocarem o chão. O homem pegou o copo de uísque ao lado e bebeu um gole.
            - Mas o fim, amor, chega para todo mundo, da forma mais inesperada, não preciso mas do seu falso amor, que o seu dinheiro me sirva para alguma coisa.
            Ela deu uns passos se distanciando dele, agora com o corpo imóvel.
            Nesse dia ela dormiu fora de casa, bebeu todas e encontrou um novo amante, tinha olhos de serpente e o desejo de todas as mulheres que circundavam os cabarés. Seu beijo era quente e excitante, mas se abusado podia ser mortal.
            Uma mulher de nenhum homem, mas de muitos prazeres.

            Uma mulher que não vale nem mesmo ser o passado de um homem, que se muda como muda as nuvens, inconformada com a sua forma tentadora de ser.

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