- Estranho
ver seus olhos. Você me olha como se nunca tivesse me conhecido.
- Me sinto
uma nova mulher a cada olhar seu, mas me pergunto se isso acontece porque não
valho nem mesmo ser o seu passado ou porque sempre estou renovando os votos com
você?
Alguns
segundos de silêncio mórbido. A boca dele se abre para falar, mas ela encosta o
dedo.
- Não fale
nada amor, prefiro a dúvida de uma relação do que a certeza do fim de uma vida.
Não sei você, mas acho triste quando um casal se conhece por completo, os
desejos, os prazeres, a ganância e no fundo o possível amor. Não tem nada mais
realista e frio do que isso.
Ela se
levantou andou alguns passos. Dava para ouvir de longe seus saltos tocarem o
chão. O homem pegou o copo de uísque ao lado e bebeu um gole.
- Mas o fim,
amor, chega para todo mundo, da forma mais inesperada, não preciso mas do seu
falso amor, que o seu dinheiro me sirva para alguma coisa.
Ela deu uns
passos se distanciando dele, agora com o corpo imóvel.
Nesse dia
ela dormiu fora de casa, bebeu todas e encontrou um novo amante, tinha olhos de
serpente e o desejo de todas as mulheres que circundavam os cabarés. Seu beijo
era quente e excitante, mas se abusado podia ser mortal.
Uma mulher
de nenhum homem, mas de muitos prazeres.
Uma mulher que não vale nem mesmo ser o passado de um
homem, que se muda como muda as nuvens, inconformada com a sua forma tentadora
de ser.
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