Os lúcidos seguidores

28 de mar. de 2012

A imaturidade e o dom de escrever


          

            Ela tem um dom, manipula as palavras como ninguém, mas sem maturidade fez de suas palavras, apenas uma história que não convém. Ainda jovem se sentia mulher, mesmo sendo insegura. Se apoiava nas palavras de amigas, que diziam aquilo que as mesmas achavam. Pobre mimada não sabia lapidar o seu dom, fazendo-o se perder em falsas juras.
            A vida malina nos ensina da pior forma, e, assim a vida fez com ela; castigou-a com a ausência e com a desilusão. Descobriu, em uma parte de sua vida, que o amor não era eterno, era apenas um momento, que diziam ser eterno.
            Caída no chão se lamentava de sua vida.
            - Por quê? – perguntava para si mesma repetidamente, não entendia o porque de tudo aquilo.
Suas lágrimas lavavam o chão.
            - Não – gritava ela, jogando, amassando e rasgando os papéis que ficavam em cima da sua mesa.
            Sentou em sua cadeira e pegou o primeiro papel na frente dela. Sentada olhou fixamente para aquele objeto branco e delicado e ,ali, ela pode ver refletida sua realidade.
            A casa vazia e ela cheia de tudo.
            Se perdeu em seu próprio mundo, se achava tantas coisas e, no final, talvez de uma forma banal, descobriu que tudo era apenas um simples ilusão, alimentada por ela e destruída pela vida.
Andou até a área de serviço, já aceitava seu destino. Pegou a corda de varal, amarrou na janela.
            - vamos você consegue – dizia ela lembrando de suas ilusões, para assim criar coragem.
            - VAAAMMOS – gritou ela, talvez numa forma de catarse.
            - Vamos sua vadia – disse se flagelando com a mão.
            Olhou para a corda e viu sua coragem esvair, ao virar de costas para ir embora, ficou a imaginar com que cara enfrentaria o mundo agora, só de imaginar os risos que outros podiam dar, dos julgamentos ou pior das pessoas que tentaram ajuda-la, e ela negou rindo da cara deles, se dizendo capaz, nesse momento ela se encheu de coragem, e antes que ela fugisse, o fez.
            A corda era até resistente, mas não resistiu ao peso do corpo cheio de culpa e de ressentimentos e se rompeu.
            O corpo dela ficou estirado, ainda respirava. Adormeceu com a pancada que recebeu na queda, adormeceu pensando em estar morta, pensando em acordar em um novo mundo. Não vai acordar em novo mundo, mais um nova mulher irá acordar em um mundo velho, agora lapidando o seu dom e quebrando as doces ilusões.



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