Os lúcidos seguidores

5 de mai. de 2012

Um coração Ardente.


Humm, nham nham, que prato cheio e delicioso para meu belo post! O que devo fazer? Falar de arte? Falar de Scott Pilgrim? O que, o que? Aí que dúvida cruel? Ok, já sei; vou falar sobre minha dificuldade de saber o que me decidir e escrever? Não! Vou falar sobre um conto, de uma autora que eu simplesmente AMO!

Um coração ardente de Lygia Fagundes Telles.

Lindo, simplesmente lindo, e introspectivo.

Aí vai um trecho dele:

"Eu não sabia que não tinha vocação nem para político, nem para filósofo, nem para advogado, não tinha a menor vocação para nenhuma daquelas carreiras que me fascinavam, essa é a verdade. Tinha apenas um coração ardente, isto sim. Apenas um coração ardente, mais nada.”
"Meu filho Atos herdou o mesmo coração. Devo dizer-lhe que um coração assim é um bem. Não há dúvida que é um bem, mas um bem perigoso, está me compreendendo? Tão perigoso... Principalmente na adolescência, logo no começo da vida, no tão difícil começo. Meu pobre filho que o diga..."
Calou-se apertando fortemente os lábios. Eu quis então romper o silêncio porque sabia do que aquele silêncio se carregava, mas não tive forças para dizer coisa alguma. O olhar do velho já denunciava as tristes lembranças que o assaltavam: qualquer tentativa para afastá-las resultaria agora inútil. E seria mesmo cruel.
"Ele era inteiro um coração", prosseguiu o velho. "E foi por saber tão bem disto que corri como um louco para casa quando me disseram que Leonor tinha morrido” (…)

Ah, como eu me identifco com esse conto, com a descrição de o que é ser um coração ardente. Tudo é poesia, é encanto, e drama e dor.

Ano passado, eu fiz uma montagem, na época que eu estava aprendendo a fazer edição no Photoshop, e fiz justamente com trechos do conto.

Ah como é difícil entender essas pessoas que são só emoção. Às vezes a gente julga tão dramáticas, mas a verdade é que por mais “ridícula” que pareça a dor dos corações ardentes, pra eles doem de verdade e queima e machucam de forma assustadora e quando você realmente conhece um coração assim, você entende, assimila e até sofre junto.

Lembro de ter conhecido um, e esse coração ardente é encantador. Mas me preocupo por que o que pra nós parece tão simples, pra ele é tão complexo e às vezes doentio. As dores têm gosto de morte e as alegrias têm gosto de paraíso. Por muitas vezes perco a calma com esses corações, mas lembro que não é fingimento, mero drama pra chamar a atenção, mas sim, verdadeira dor. Eles não possuem dimensão. São INTENSOS. São Poesia pura, falando nisso, lembro quando me disseram:



- Karol, você é muito poesia. E isso não é um elogio, é um aviso.

Sorte que eu nem sou um coração ardente. Ou não.

Nenhum comentário: