O coração dela era aguerrido, difícil ou quase impossível de se entender. Ela vivia pelo mundo a se questionar. Não dependia do dinheiro e nem da bebida. Se importava as vezes com os prazeres efêmeros dessa vida. O rumo dela era apenas seguir a intuição que o seu nobre coração mandava. A tua face sempre enunciava contento, já era acostumada com os desalentos dessa ilustre vida.
Era quase certo toda madrugada ela passar pela minha calçada. Fazia do mundo um passatempo. Um dia me disseram que ela escrevia enquanto enchia a cara de pinga, escrevia no guardanapo. As vezes guardava, outras rasgava e dizia:
- Que o lixo desfrute de mim, não em sangue ou carne, mas em palavras.
Um dia perguntaram a ela, porque invés do lixo, não dava a alguma pessoa. Ela com o seu jeito estranho e de certo modo arrogante, respondeu:
- O lixo é mais nobre do que você pensa, tem muitas pessoas que não valem metade desse cesto – disse ela apontando para o cesto de lixo.
Ninguém sabia sua idade, nem o seu nome, apenas chamavam ela de Maria. Maria, era apenas uma mulher com o coração. Batia dentro dele, o sangue ardente. Maria era apenas uma mulher, uma exceção dessa vida. Ao lembrar de sua história sempre fico triste, mas, quando a vejo passar pela calçada com o aquele sorriso irônico, estampado em sua cara, lembro que ela faz da vida apenas um passatempo. E desse passatempo, faz sua alegria.
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