Os lúcidos seguidores

18 de out. de 2012

Um arrependimento tardio



            Antes de ver o abismo que a separava, ela pensou naqueles segundos sobre sua vida, um resumo de no máximo dez segundos. O corpo pendia para uma só direção, a mente se apagava, para que nenhuma lucidez pudesse atrapalhar o momento decisivo. Ao longe todos a viam, uns gritavam, outros faziam gestos, eram apenas uma plateia de uma drama comum.
            Os prédios de longe a viam como um ser pequeno e intruso naquela homogeneidade. Ao ver o seu destino, aquilo que agora já não podia mas conter, veio o doce arrependimento. O mundo caia e caia, até chegar ao seu fim. O fim que para ela era a sua salvação, que em poucos segundos tornou um erro. A doce menina que se iludiu com o mundo, foi expulsa dele. Ela tinha certeza, nos poucos segundos ela descobriu que suas certezas eram dúvidas camufladas. Uma ignorância, um erro, uma vida, um fim comum e um arrependimento tardio. Logo em seguida o sol se põem entre os prédios. E a escuridão reina na cena trágica

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