Os lúcidos seguidores

18 de out. de 2012

A janela do momento



            Ela fumava na janela como se fosse o último cigarro, olhava aquele céu negro como se ela fosse o próprio. De vez em quando ela olhava para porta para ver se estava aberta, e logo em seguida olhava para sua cama vazia e carente. O cigarro insistia em acabar, os últimos tragos vinham junto com a tristeza. Aquele parecia ser o seu último cigarro. O último da noite ou da vida.
            Não contente com a sua situação, olhou para quarto vazio e se perdeu na monotonia do lugar. Pensou em dormir, mas o seu corpo gostava da dor de ficar acordada. Pensou em escrever, mas não queria dividir com o papel aquilo que ela tinha para si. Um egoísmo. Olhou de novo para a janela e ficou a ver o céu negro. Na fúria do momento, resolveu escrever em suas paredes aquilo que lhe faz viva naqueles minutos de pura solidão. O céu negro agora estava representado em seu quarto. Logo em seguida ela se deitou em sua cama e ficou a noite a venerar o negro que estava a sua frente. Negras palavras. 

Um comentário:

Bruno de Alencar disse...

Sensacional!

Escrito que dita o ritmo como um filme.

Parabéns!