Ela fumava
na janela como se fosse o último cigarro, olhava aquele céu negro como se ela
fosse o próprio. De vez em quando ela olhava para porta para ver se estava
aberta, e logo em seguida olhava para sua cama vazia e carente. O cigarro
insistia em acabar, os últimos tragos vinham junto com a tristeza. Aquele
parecia ser o seu último cigarro. O último da noite ou da vida.
Não
contente com a sua situação, olhou para quarto vazio e se perdeu na monotonia
do lugar. Pensou em dormir, mas o seu corpo gostava da dor de ficar acordada.
Pensou em escrever, mas não queria dividir com o papel aquilo que ela tinha
para si. Um egoísmo. Olhou de novo para a janela e ficou a ver o céu negro. Na
fúria do momento, resolveu escrever em suas paredes aquilo que lhe faz viva
naqueles minutos de pura solidão. O céu negro agora estava representado em seu
quarto. Logo em seguida ela se deitou em sua cama e ficou a noite a venerar o
negro que estava a sua frente. Negras palavras.
Um comentário:
Sensacional!
Escrito que dita o ritmo como um filme.
Parabéns!
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