- Posso abrir a caixa?
- Pode.
- O que tem dentro?
- Ninguém sabe, nem mesmo eu.
- Então eu vou ter que pagar o preço seja ele qual for, por
abrir a caixa?
- É o risco que você vai ter que correr.
A
curiosidade matou o gato e também já matou o homem. O gato morreu de susto e o
homem morreu de decepção. De qualquer jeito, foi tudo culpa da curiosidade. O
desejo incontrolável. O preço impagável.
- Não vou mais abri-la.
A dúvida faz o homem recuar.
- Tem certeza?
- Não sei, só sei que não quero sofrer.
A olhar a caixa
a mente ardilosa se envenena de pensamentos, tentando prever o futuro, futuro
esse em que a caixa já esta aberta. A mente o envenena. O veneno esta dentro
dele e não fora. Maldita curiosidade. Maldita ilusão.
- Vou abrir.
- Esta bem, abra.
Ao examinar
a caixa não viu, nenhuma fechadura.
- Não precisa de chave?
- A caixa é fechada não por fechadura, mas sim pela vontade
própria.
- E se ela não quiser abrir?
- É uma pena, só tenho a lamentar.
O homem
abriu a caixa aos poucos, até estar totalmente aberta.
A
curiosidade matou o homem, a sangue frio. O corpo estirado no chão, ao lado a
caixa fechada. O homem aceita todo tipo de mentira, abraça qualquer tipo de
ilusão, mergulha de cabeça nas armadilhas do amor, mas homem nenhum esta
preparado para verdade. A verdade dói. A verdade machuca. A verdade absoluta
acaba com qualquer tipo de ilusão, até mesmo a maior de todas, a vida.
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