Ao
anoitecer me sentia cansado, com essas minhas pernas de vinte e poucos anos.
Olhava o horizonte nebuloso que minha janela mostrava, e achava que isso era
algo de muito tempo atrás, mas na verdade era apenas uma novidade que eu
insistia em ignorar. Ao olhar meu quarto tudo era nítido, mas a minha mente o deixava embaçado, meus olhos pareciam cansados, mas não estavam. Já
podia ver os cabelos brancos, as rugas, o cansaço, a idade que nunca existiu.
Eu era aquilo que eu acreditava ser. Eu era apenas um homem velho demais em um corpo que acabou de nascer. Daqui um tempo eu poderia morrer e ainda deixar
esse corpo vazio crescer. Na incompatibilidade do ser, eu me colidia dentro de
mim.
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