Toda metamorfose
é um mudança do íntimo, o íntimo selvagem, que corre solto, sem rédeas. E nessa
ilusão de que temos algo, vamos seguindo o caminho traçado, correndo e
correndo, seguindo a direção, mas não temos direção, não se engane, é tudo
caminho marcado, por esse íntimo selvagem, por essa mata virgem, que nunca foi
virgem. Tudo é metamorfose, e o íntimo é uma constante, que constantemente
muda.
Os lúcidos seguidores
27 de jun. de 2019
20 de jun. de 2019
O vazio do sofá
O vazio, tu acabaste de partir, te levaram,
tu chorava tanto, chorava igual criança, criança pequena. Eu, desconsolada,
fiquei sentada no sofá, com a mente vazia, apenas escutando. Coração apertado,
amarrado, respiração curta, as lágrimas quase caindo, por dentro pedindo
desculpa, mas é o que tinha que ser feito. Eu sei que fiz o certo, mas o certo
me machucou tanto, sofro calada a maturidade que me foi dada, sofro pela idade.
O sofá de duas pessoas só para uma é tão pequeno, já sinto falta.
15 de jun. de 2019
O quarto e a solidão
Sozinha no quarto, a luz anil cobrindo tudo, a solidão tão quieta e tão gostosa, o silêncio do quarto e o barulho da cidade, o barulho das sirenes e dos carros tão distantes, aquela sensação maravilhosa do corpo decantando no leito, o cigarro aceso e o pensamento perdido. Aquela visão que eu vejo da janela, me é nostálgica, mesmo sendo a primeira vez que a vejo, a cidade se decompondo e eu em lugar privilegiado vendo tudo, todos, me decomponho também. Acabo o cigarro e fico a pensar, sem roupa, sem companhia. Acendo outro cigarro e aproveito cada segundo, sem pressa, apenas ouvindo o barulho da cidade.
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