Os lúcidos seguidores

30 de abr. de 2012

Essas coisas




Essa nossa mania de felicidade eterna
Essa nossa angustia de querer tudo
Apenas tudo
Essa nossa verdade, que sempre quer estar certa
Essa certeza de que tudo dará certo
Quando na verdade, não existira nada depois do amanhã
Essa vontade inesgotável de querer ser único
Repetindo os mesmos passos, que um dia já foram dados
Essa nossa hipocrisia de querer reclamar
Essa nossa preguiça de não querer fazer nada
Apenas questionar, apontar o dedo
Talvez essa seja a verdade
Talvez essa seja mais uma mentira bem contada

29 de abr. de 2012

As metamorfoses




            Ao sair hoje cedo, vi um mundo que me contemplava, e eu, em seguida, o contemplei. No decorrer do tempo, da vida, do dia, vi o mundo se transformar e, com o mundo, nos transformamos juntos.
            Entre a manhã e a tarde, somos um alguém, durante a tarde e a noite, somos outro, e, no decorrer do tempo, seremos vários.

25 de abr. de 2012

Mais um conformado


                 Já estou acostumado com essa vida. Acostumado com os fatos improváveis ou injustos. Acostumado com os falsos amores, as falsas dores e as desilusões. Já me acostumei com as mesmas palavras, as mesmas justificativas, as mesmas perguntas para as diversas ocasiões. Já me acostumei a esperar e esperar apenas. Sou apenas um questionador dos fatos óbvios. Um ignorado. Um homem que amou e foi deixado, pelas coxias da vida.

24 de abr. de 2012

A beleza, o pobre homem e a loucura


            Faz alguns dias que tento esquecer. Já bebi quase todas as cervejas do bar de esquina lá perto de casa, paquerei todas as mulheres possíveis e impossíveis na rua e nada deu esquecer. É muita ironia um cara como eu, ficar a pensar numa mulher assim. Ao entrar no meu apartamento que fica no centro, no meio do ruge da cidade. O centro de toda atenção. Me sentei na poltrona no meio da sala, olhei para janela que mostrava o por do sol entre os prédios que o moldava. Me perdia dentro de um conflito. Uma vida de vadiagem de um lado e uma mulher de outro, a duvida entre eles. Em um intervalo de alguns minutos eu gritava, uma forma desesperada de cartasse, quando eu voltava a si, me via completamente perdido. A imagem, a beleza, a mulher, a loucura que dominava.


22 de abr. de 2012

O velho eu




            Ao anoitecer me sentia cansado, com essas minhas pernas de vinte e poucos anos. Olhava o horizonte nebuloso que minha janela mostrava, e achava que isso era algo de muito tempo atrás, mas na verdade era apenas uma novidade que eu insistia em ignorar. Ao olhar meu quarto tudo era nítido, mas a minha mente o deixava embaçado, meus olhos pareciam cansados, mas não estavam. Já podia ver os cabelos brancos, as rugas, o cansaço, a idade que nunca existiu. Eu era aquilo que eu acreditava ser. Eu era apenas um homem velho demais em um corpo que acabou de nascer. Daqui um tempo eu poderia morrer e ainda deixar esse corpo vazio crescer. Na incompatibilidade do ser, eu me colidia dentro de mim.

21 de abr. de 2012

O reflexo do meu eu


            
            Ao amanhecer, o sol rasga o negro que era pleno. Me levanto e vou ao banheiro lavar meu rosto. Ao ficar de frente ao espelho vejo um eu refletido, do outro lado apenas um cara qualquer. Ao dar um passo para trás, num descuido, escorrego. O negro agora é pleno em minha visão. O negro é meu mundo, por um tempo incômodo. Quando volto a ver as paredes neutras do meu banheiro, me levanto calmamente. Para a minha surpresa vejo no chão, o meu eu, mas agora sou apenas um reflexo.

14 de abr. de 2012

O velho eu



            Ao abrir a janela e ver a mesma rua de sempre, com as mesmas pessoas, com os mesmos problemas que cercam a vizinhança. A casa não tem mas os velhos problemas, agora findados, a cama vazia não tem mais o velho bêbado cheio de ressaca, a velha janela não tem mais o seu velho admirador, que admirava aquilo que a nobre janela mostrava. Estamos felizes, com menos esfinges que agora nos cerca, e ao mesmo tempo estamos triste com a nova monotonia que a vida nos deu. Ao lembrar do passado de malandro, lembrarei dos prazeres e das dores sem fim. Ao olhar para hoje só consigo sentir falta do passado, que agora guarda parte de mim.

13 de abr. de 2012

Cabaret


            


            - Amanda esta acordada?
            - Você me acordou Luiz, o que você quer?
            - Tem algo na janela.
            - Tem não, todo dia essa janela faz barulho.
            - Sim mas hoje é sexta feira treze.
            - Vai dormir seu porra.
            Luiz se deitou e ficou a olhar a janela, a velha e terrível janela.
            Já eram duas da madrugada. A escuridão era o que se via pela vidraça, que passava um carro na rua de vez em quando e a luz quebrava a escuridão com o reflexo no vidro.
            Durante a madrugada o vento cantava quando passava pelo vidro trincado e fazia o seu assobio.
            Quando em pé em frente a janela se via o cabaré. Amanda proibia ficar de frente a ela.
            - Droga, que janela do caralho, essa.
            Luiz se levantou e foi a janela, de lá viu o cabaré da Zitinha.  
            Excepcionalmente naquele dia uma das vidraças estava aberta, Luiz se aproximará do vidro para ver melhor um dos quartos do cabaré. Sempre tivera curiosidade de ver alguma rapariga do cabaré mais comentado da cidade.
            Olhou para Amanda que dormia como uma anjo. Pisava com cuidado não queria acorda-la e ficar solteiro logo em seguida.
            O vento entrava pelas trincas e batia no seu rosto, não impedia sua curiosidade, que curiosidade. Quando de repente viu um casal desnudos abraçando um ao outro.
            - Safado – disse ele baixinho.
            O casal dançava pelo quarto, se beijavam e enamoravam.
            Ao olhar a janela circundada de escuridão, com suas vidraças, uma delas trincada e rachada, o deixava estranho, tinha sempre a impressão de que alguém iria aparecer ali.
            Do interior de sua casa, se ouvia os ruídos e a porta mal fechada, que parecia querer se abrir. O seu coração começava a acelerar.
            Quando se virava para tentar fugir, se batia com janela e com casal do outro lado da rua.
            Ao olhar para cama, não viu mais a Amanda. Onde estava Amanda?
            - Cadê essa mulher – disse correndo a passos mansos para ver se estava no banheiro.
            E não estava.
            - Porra Amanda – disse Luiz voltando a olhar pela janela.
            O casal que namorava do outro lado agora estava brigando, um batia no outro, a porta se escancarou de repente mostrando a total escuridão de sua casa.
            Ao tentar ligar a luz, tinha faltado energia.
            - Só me faltava essa.
            Luiz tentava se manter calmo. Mas ao olhar para cama e ver sangue, sua falsa calma, se perdia.
            A pobre mulher do outro lado estava quase morrendo de apanhar.
            Luiz se desesperara, tentou abrir a janela para gritar e tentar impedir que a pobre rapariga morresse.
            A tinhosa não queria abrir, e quando abriu pela força que Luiz fez, o vidro se quebrou mais ainda e até parte de baixo dela de madeira saiu.
            Luiz pois parte do corpo para fora e ao olhar para baixo viu a altura e negritude que cercava a calçada. Sua cabeça deu uma volta e voltou a olhar pro casal.
            Antes que pudesse gritar, o homem foi a janela e falou antes dele.
            - Que foi? – Nunca viu um casal brigar?
            - Mas não precisa matar ela.
            - Seu idiota não estou matando ela.
            Ao terminar de dizer isso, a rapariga empurrou o pobre homem que caiu na calçada de cabeça, e seu corpo lá ficou por um bom tempo sem ninguém aparecer, depois de uns minutos a porta do cabaré se abriu e saiu muitas pessoas, alguns homens já se aproveitava para sair de mansinho, para não ser visto por ninguém.
            Ao tirar seu corpo a janela fechou como uma guilhotina. O susto, fez seu coração quase parar.
            Amanda chegara no quarto, tinha ido lá em baixo pegar absorvente, estava menstruada.
            - O que faz ai Luiz?
            - Um homem se jogou do cabaré da Zitinha.
            - Meu deus – disse Amanda indo para janela.
            - Vamos dormir amor – disse Luiz se deitando de um jeito frio.
            Amanda fechou a janela e disse:
            - Tudo bem – Você esta bem amor?
            - Tudo, amanhã é um outro dia.
            Ao amanhecer o sol iluminava o quarto, passando toda aquela luz pela janela.          
            O lugar de Luiz estava vazio. Amanda acordou sozinha. A porta estava aberta a janela estava aberta.
            - Luiz – perguntou Amanda.
            Ao se levantar viu gotas de sangue no vidro trincado.
            Para a porta só sobrou algumas pegadas, que se apagavam conforme ela seguia o rastro.
            A janela nunca mais fechou, o sangue secou e a emperrou.
           
           



12 de abr. de 2012

O desespero


               
             "O desespero me batia o corpo, me via de novo naquele tipo de situação, mas só aquele tipo de situação era capaz de me descrever. O homem ou talvez um rato, que eu me tornava. Na necessidade dessa vida, se não nos tornamos ratos em algumas situações, não escaparemos das mãos que nos apertam ou da realidade cruel. Quem mandou eu não saber seguir as regras que ditaram a mim, agora que tenho que me virar do jeito que for para fugir."

*Trecho de Os Momentos de um Pseudopoeta 

11 de abr. de 2012

A mulher da madrugada


           



            Ao me levantar da cama, me olho no espelho e no espelho me perco. Minha barba mal feita, minhas olheiras bem definidas e meu hálito horrível.
            Ao acordar de madrugada, fico a andar pelo quarto, a insônia me persegue, mas para me distrair um pouco, vou a janela ver as pessoas andando na rua da madrugada.
            Do outro lado da calçada tinha uma garota, bonita, cabelos grandes e negros, o seu jeito era meigo e sua feição me encantou. E ao olha-la me lembrei do meu grande amor, que me encantou no primeiro e devassador olhar. As duas eram lindas. A mulher atravessou a rua e foi para minha calçada, até o seu jeito de andar era parecido, rebolava quando andava, encantava os diversos olhos que ali ficavam presos a ela. Era linda. Na calçada cheia de homens, ela não caia no papo deles, era esperta, já se notava pelo seu jeito meio malandro. Da janela me esforcei o máximo possível para ouvir a voz dela, e que voz linda essa que ouvi, seria eu capaz de descer e rouba-la para mim! Mas por ironia do destino o meu novíssimo amor era barato demais, quando parou um carro, ela se vendeu para um rapaz, e foi com ele por alguns trocados. Depois disso foi dormir e esquecer as breves ilusões dessa vida.

10 de abr. de 2012

Andando por ai



Todo dia eu saio vestido com a minha melhor roupa
Para vê se te encontro em uma esquina qualquer
Saiu sem rumo, perdido dentro de mim
Não sei se eu sumo ou grito em uma janela qualquer
Quem nunca esquece, sempre há de reconhecer
Aquele nos fere e nos faz viver
Por isso saiu a rua tentando me achar
Queria ser mais sincero e fazer o que não fiz
Para quem sabe um dia te conhecer
E num relance puder ser feliz



9 de abr. de 2012

O samba de um tempo que passou



Saudade essa me que mata, que me alimenta
Saudade essa me faz ser o que eu sou
Apenas um homem com saudade
De um tempo que passou
E da saudade eu fiz um samba
Do samba fiz minha alegria
Alimentada por aquela lembrança
Que virou um samba de esperança
Desse amor que acabou ou daquele tempo que passou

Os anos 60 e o blues britânico



 Muddy Waters

            Um dos momentos influenciadores e que serviu como um dos marcos para uma nova revolução no blues, daquela década, foi a apresentação de Muddy Waters em Londres no inicio dos anos 50. E realmente foi um marco, pois dali em diante novas vertentes surgiriam do blues, em especial o Rock. Chuck Berry foi um dos propulsores do rock n’ roll, mas toda sua origem estava no blues. E foi o reconhecimento do blues na Inglaterra que alavancaria uma revolução na história da música ocidental. Logo em seguida viria a surgia um estilo musical chamado de Blues-rock, e esse estilo marcaria uma nova fase da música mundial.

Rolling Stones


                    Bandas como Led Zeppelin, Yardbirds, Cream, Rolling Stones entre outros tiveram suas raízes presas ao Blues elétrico. 

John Mayall


                  A banda John Mayall and the Bluesbreakers foi uma banda recém-surgida no cenário blues britânico, que teve uma grande influência no blues dentro do país. A banda teve pouquíssimos anos de estrada, de 1963 a 1967, voltaria somente décadas depois. John Mayall fundador da banda é considerado por muitos o mais importante e influente no blues britânico na década de 60. O Bluesbreakers foi uma banda que serviu para alavancar grandes nomes que foram muitos importantes para música em ascensão, esses nomes eram: Eric Clapton, que após sair da banda formaria o Cream, Peter Green, que saiu do grupo e foi ser compositor e líder do Fleetwood Mac e Mick Taylor, que foi chamado para ser guitarrista do Rolling Stones.

                   A frase pintada em spray "clapton é deus" em uma das paredes do metrô de Londres nos anos 60, ficou famosa e posteriormente alguém viria a fotografar, essa não foi a única pixação com os dizeres, mas foi a que ficou mais conhecida.

Cartaz de divulgação


            No começo dos anos 60 grandes nomes do blues começaram a ser referência direta. Em 1963 o blues teria o seu auge com o festival Newport Folk, onde houve a apresentação de nomes consagrados do estilo. E dai em diante todas as bandas provenientes do rock e do blues começaram a regravar clássicos do blues. Led Zeppelin no seu primeiro álbum gravou uma série de composições de Willie Dixon, só que colocaram como se fossem de autoria própria deles, e isso causou uma longa briga na justiça, até eles reconhecerem Willie como o compositor.

            A américa não escapou dos efeitos do Blues. Artistas como Janis Joplin, Jimi Hendrix, Bob Dylan, The Doors e outros nomes, fizeram estilos próprios tendo como base o Blues.

7 de abr. de 2012

Um "pouco" longe de tudo


            
             Eles me olham de longe e de longe ficam olhando a noite toda. Meus olhos ficam impacientes varrendo todo o lugar, meu corpo fica quieto tentando fingir sua existência e minhas mãos tremem, tentando numa desesperada ação me aquecer. Por ironia do destino fez nascer uma fruteira perto do telhado, que nas poucas horas de sossego me acorda, para me lembrar da minha tão pouco nobre situação. Chorar? Não. Gritar? Tão pouco. Apenas se conformar, aguentar e lembrar que de longe eles estão me olhando no alto claro e quente leito, enquanto eu, quase me perco na visão dos mesmo. No meio da escuridão fria, aquecido por uma única luz que fica acesa. Aquecendo meu corpo e quebrando a escuridão que me circunda e se finda ao amanhecer.

6 de abr. de 2012

A essência



Somos todos nos mutáveis e dependentes do mundo, somos influenciáveis, somos humanos. Todas as pessoas possuem alguma essência que os tornam únicos e imutáveis, que definem o seu caráter e os tornam o que são, independente das influencias externas. Uma pessoa sem essência na vida, é uma pessoa mutável por completo, sem raízes e falso.

5 de abr. de 2012

Espírito de menino



Nunca terá juízo ou maturidade
Nesse corpo de menino
Sempre há de brincar e ser feliz
Não saberá que a vida é infelicidade
Pois sua vida é de menino, sem idade
Suas dores são das quedas quando joga bola
Suas lágrimas são de bira
Seus amigos são eternos no seu pensamento
Nunca terá juízo ou maturidade
Nesse corpo de menino que parece homem
Menino é o inverso de homem
Homem é o menino desiludido