- Amanda
esta acordada?
- Você me
acordou Luiz, o que você quer?
- Tem algo
na janela.
- Tem não,
todo dia essa janela faz barulho.
- Sim mas
hoje é sexta feira treze.
- Vai
dormir seu porra.
Luiz se
deitou e ficou a olhar a janela, a velha e terrível janela.
Já eram
duas da madrugada. A escuridão era o que se via pela vidraça, que passava um
carro na rua de vez em quando e a luz quebrava a escuridão com o reflexo no
vidro.
Durante a
madrugada o vento cantava quando passava pelo vidro trincado e fazia o seu
assobio.
Quando em
pé em frente a janela se via o cabaré. Amanda proibia ficar de frente a ela.
- Droga,
que janela do caralho, essa.
Luiz se
levantou e foi a janela, de lá viu o cabaré da Zitinha.
Excepcionalmente naquele dia uma das vidraças estava aberta,
Luiz se aproximará do vidro para ver melhor um dos quartos do cabaré. Sempre
tivera curiosidade de ver alguma rapariga do cabaré mais comentado da cidade.
Olhou para
Amanda que dormia como uma anjo. Pisava com cuidado não queria acorda-la e
ficar solteiro logo em seguida.
O vento
entrava pelas trincas e batia no seu rosto, não impedia sua curiosidade, que
curiosidade. Quando de repente viu um casal desnudos abraçando um ao outro.
- Safado –
disse ele baixinho.
O casal
dançava pelo quarto, se beijavam e enamoravam.
Ao olhar a
janela circundada de escuridão, com suas vidraças, uma delas trincada e
rachada, o deixava estranho, tinha sempre a impressão de que alguém iria
aparecer ali.
Do interior
de sua casa, se ouvia os ruídos e a porta mal fechada, que parecia querer se
abrir. O seu coração começava a acelerar.
Quando se
virava para tentar fugir, se batia com janela e com casal do outro lado da rua.
Ao olhar
para cama, não viu mais a Amanda. Onde estava Amanda?
- Cadê essa
mulher – disse correndo a passos mansos para ver se estava no banheiro.
E não
estava.
- Porra
Amanda – disse Luiz voltando a olhar pela janela.
O casal que
namorava do outro lado agora estava brigando, um batia no outro, a porta se
escancarou de repente mostrando a total escuridão de sua casa.
Ao tentar
ligar a luz, tinha faltado energia.
- Só me
faltava essa.
Luiz
tentava se manter calmo. Mas ao olhar para cama e ver sangue, sua falsa calma,
se perdia.
A pobre
mulher do outro lado estava quase morrendo de apanhar.
Luiz se
desesperara, tentou abrir a janela para gritar e tentar impedir que a pobre
rapariga morresse.
A tinhosa
não queria abrir, e quando abriu pela força que Luiz fez, o vidro se quebrou
mais ainda e até parte de baixo dela de madeira saiu.
Luiz pois
parte do corpo para fora e ao olhar para baixo viu a altura e negritude que
cercava a calçada. Sua cabeça deu uma volta e voltou a olhar pro casal.
Antes que
pudesse gritar, o homem foi a janela e falou antes dele.
- Que foi?
– Nunca viu um casal brigar?
- Mas não
precisa matar ela.
- Seu
idiota não estou matando ela.
Ao terminar
de dizer isso, a rapariga empurrou o pobre homem que caiu na calçada de cabeça,
e seu corpo lá ficou por um bom tempo sem ninguém aparecer, depois de uns
minutos a porta do cabaré se abriu e saiu muitas pessoas, alguns homens já se
aproveitava para sair de mansinho, para não ser visto por ninguém.
Ao tirar
seu corpo a janela fechou como uma guilhotina. O susto, fez seu coração quase
parar.
Amanda
chegara no quarto, tinha ido lá em baixo pegar absorvente, estava menstruada.
- O que faz
ai Luiz?
- Um homem
se jogou do cabaré da Zitinha.
- Meu deus
– disse Amanda indo para janela.
- Vamos
dormir amor – disse Luiz se deitando de um jeito frio.
Amanda
fechou a janela e disse:
- Tudo
bem – Você esta bem amor?
- Tudo, amanhã é um outro dia.
Ao
amanhecer o sol iluminava o quarto, passando toda aquela luz pela janela.
O lugar de
Luiz estava vazio. Amanda acordou sozinha. A porta estava aberta a janela estava
aberta.
- Luiz –
perguntou Amanda.
Ao se
levantar viu gotas de sangue no vidro trincado.
Para a
porta só sobrou algumas pegadas, que se apagavam conforme ela seguia o rastro.
A janela
nunca mais fechou, o sangue secou e a emperrou.